Em termos de expressão, mylord, qual a diferença entre o alemão, o francês e o brasileiro?

É que o alemão pensa antes de falar ✦ o francês pensa enquanto fala ✦ e o brasileiro fala sem pensar. (Lord Jaeggy)

quarta-feira, 10 de junho de 2020

RONNIE LEU POR VOCÊ




as melhores novidades literárias de Ronaldo BUSCHETTA


Reiki Jr. tem 19 anos e desde criança é apaixonado por Clara Joyce. Na festa de divórcio de sua mãe, Reiki Jr. finalmente conseguiu beijar Clara Joyce, e achou que aquele era o dia mais feliz de toda sua vida. Mas toda essa felicidade desaparece como que por encanto quando Reiki Jr. descobre que a foto de Clara Joyce, que estava na parede de seu quarto, desapareceu! – e, muito pior ainda: descobre que a foto estava sendo publicada no Orkut, no Facebook e espalhada pelos mais diversos blogs, comportando mensagens de amor que não foram escritas por ele! Reiki Jr. cai de joelhos e começa a chorar, soluçando convulsivamente e gritando: – Quem poderia ter feito uma coisa dessas comigo?

O surpreendente livro Eu te Amo, Clara Joyce! de Ariana Assumpção Moreyra me surpreendeu muito positivamente, mas demais mesmo. É uma leitura leve, sem pretenciosos colesteróis semânticos, dramaticamente divertida, e com um leque de excelentes personagens, que amadurecem durante a narrativa. As situações narradas, como a própria autora me revelou, são calcadas em temas bem reais, temas saídos do cotidiano dos adolescentes e que ela, como psicóloga especializada em jovens, sente-se totalmente à vontade para narrar. É muito difícil encontrarmos um livro que trate da masturbação, por exemplo, sem cair no erotismo ou com meias palavras. Poderia citar aqui alguns trechos de Eu te Amo, Clara Joyce! que narram situações ligadas a este tema tão delicado, porém, não apenas o pudor, como também as regras de decência que me foram previamente preescritas pelo autor deste blog, me impedem de fazê-lo. Mas, posso assegurar aos leitores mais ou menos incautos, que os pormenores e diálogos de tais cenas são narrados em minúcias quase que fotográficas. "Boa parte dessas situações são oriundas da minha própria experiência com jovens de ambos os sexos" explica a autora, com essa serenidade natural dos profundos conhecedores de um assunto. "Além do mais, é uma matéria que sempre me atraiu e que me atrai, eu me sinto totalmente à vontade para falar disso."

A trama desse livro é por demais original e se apóia em uma história de amor e ciúmes entre jovens. As primeiras descobertas do corpo, dos sentimentos, os modismos, as gírias, as alegrias e amarguras do universo da adolescência fazem de Eu te Amo, Clara Joyce! um romance de amor moderno, porém com dimensões de obra da literatura universal. Por exemplo, a cena em que Reiki Jr. após uma busca desenfreada de sua amada através de toda a cidade, em plena madrugada, finalmente a encontra saindo de uma boate acompanhada de seu mais recente namorado é extremamente tocante. Ali mesmo, diante da boate e de todos, sob uma chuva torrencial, o jovem se põe de joelhos, soluçando convulsivamente e gritando o seu imenso amor por ela. Clara Joyce, abraçada ao roqueiro Krishna Starr, começa a rir cada vez mais alto e é levada, aos prantos, pelo seu namorado até o carro dele. Uma cena de alto teor dramático e que me lembrou muito a intensidade da cena do balcão de "Romeu e Julieta" do imortal William Shakespeare.

Eu, pessoalmente, adoro histórias assim, em que a autora pega um contexto que pode até ser meio previsível, mas que acaba servindo de pano de fundo para o desenvolvimento de um enrêdo novo, onde paixão, violência e sexo são os ingredientes principais. "Eu mesma não sou uma adepta da violência, e menos ainda da sexual, óbvio. Mas tem horas que o crescimento do personagem pede isso, é impossível de não se deixar levar, eu entro na pele de cada personagem, vivencio o drama dele, sofro, choro, rio, eu me entrego totalmente, sem a menor retenção.", esclarece Ariana Assumpção Moreyra. E é exatamente isso que acontece nesse livro: a foto de Clara Joyce é muito importante para Reiki Jr., mas à medida em que as atitudes tomadas por ela, as traições, o seu lado leviano, e mesmo uma forte tendência à promiscuidade tornam-se demais, isso tudo poderá levar o leitor a pensar se todo esse amor é realmente tão importante assim.

Por essas e outras, posso assegurar que o admirável livro de Ariana Assumpção Moreyra já se enquadra no perfil de um clássico moderno, um livro de leitura obrigatória, um livro 5 estrelas, e eu o recomendo a todo aquele que gosta de uma leitura leve, picante e inteligente, muito bem escrita, e com personagens que não vemos no dia-a-dia. Um livro sublime. E como eu tive a honra de ter sido convidado pela autora, e de ter estado presente ao coquetel de lançamento de Eu te Amo, Clara Joyce! no esplendoroso grill room do Arkshore Hotel,  brindarei vocês com uma última indiscrição que me foi soprada à orelha pela própria: "Você é um gato!" 

Como podem ver, tive de que ficar orgulhoso, mas na verdade fiquei ruborizado até a raiz dos cabelos. 


Eu te Amo, Clara Joyce! de Ariana Assumpção Moreyra, W&W Associados, 224 páginas, R$ 90,00. nudevista.com.br


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